Na “nossa rua” temos vários cafés, mas um é
mesmo junto a casa, onde vamos quase todos os dias. A J. não tanto, mas eu
tenho a rotina do café de manhã, ler um jornal e comentar as últimas notícias
(preferencialmente as desportivas) com um qualquer cliente – habitual ou não –
que se cruze comigo naqueles 10 minutos matinais.
O dito café mudou de dono... O já nosso amigo H. saiu há uns meses e entrou
uma senhora, que nos parece simpática. Mas já havia ali um elo que agora demora
a recuperar...
Nós sentimos isto mas acaba por nos passar ao lado, de tantas coisas que
temos que pensar.
A T. ficou triste quando soube que o H. se ia embora. Todos os dias, entre
a saída de casa e a entrada no carro, para ir para a Creche, a T. entrava no
café e dava, ao H., um beijinho de bom dia. O H. e a mulher, que também
trabalhava no café ao final da tarde, adoravam as miúdas e mimavam-nas muito.
Anteontem a T. perguntou pelo H. e, como tantas outras vezes, dissemos que
tinha ido trabalhar para outro sítio.
Ficou cabisbaixa... Virou-se para a J. e disse:
“- Mãe, mas eu tenho saudades do H... E acho que ele também tem saudades
minhas”
Ao que a J. responde “Não faz mal querida o H., cada vez que tem saudades
suas, olha para a fotografia que lhe demos, antes dele se ir embora”.
Ela ficou calada, nos seus pensamentos, durante uns instantes...
Depois começa a chorar e a soluçar compulsivamente e diz:
”Mas Mãe, nas fotografias o H. não me ouve a falar e não consegue ver que eu já cresci!”
”Mas Mãe, nas fotografias o H. não me ouve a falar e não consegue ver que eu já cresci!”
É incrível a sensibilidade das crianças... e, mesmo que achemos que não,
sentem tudo e vivem tudo intensamente, por vezes mais que nós...
E pronto, lá a acalmamos e a convencemos a fazer
um desenho para enviar ao H (que é o assunto mais importante da actualidade)...
agora só temos que descobrir a morada!
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